quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Poder do brigadeiro já faz pequena empresa faturar R$ 10 milhões e planejar nova fábrica



A popularidade do brigadeiro é incontestável. O doce faz parte da cultura nacional, assim como o futebol, o carnaval e a caipirinha. Mas diferente dos outros símbolos, seu potencial econômico nunca havia sido explorado. Confinado em seu próprio país de origem, o doce da infância permaneceu nela e, até pouco tempo, ultrapassar o limite das festas infantis para ganhar o mundo era improvável.
No entanto, o cenário mudou. Nos últimos anos, sua tradicional receita foi revisitada. Surgiram novas versões – mais sofisticadas – e com o aval gastronômico a guloseima deixou para trás o estigma de doce de criança para fomentar negócios que chegam a faturar milhões.


O velho conhecido dos brasileiros está tão pop que foi considerado tendência mundial no ano passado em pesquisa realizada pela agência de publicidade J.W. Thompsom. O doce também virou assunto no The New York Times. A publicação o destacou como um ícone brasileiro que começa a fazer a cabeça dos norte-americanos. “O produto é muito versátil e tem uma receita fácil, que aceita adaptações”, diz Fabiana Fairbanks, executiva de marketing de lácteos da Nestlé, maior fabricante no Brasil de leite condensado, matéria-prima usada no preparo do doce.
Mas todo segmento tem seus gargalos. O do brigadeiro é a expansão. “Ampliar o mix de produtos é quase sempre a melhor alternativa para assegurar o crescimento. No caso desse docinho, é uma forma de aumentar o faturamento e não contar apenas com o volume de vendas, que precisa ser muito grande para ser vantajoso”, analisa Tales Andreassi, coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV em São Paulo.

A visibilidade alcançada fez surgir lojas especializadas. Em pouco tempo, elas conquistaram as principais capitais brasileiras e também atingiram boa saúde financeira. Mesmo com o aumento da concorrência. A mineira Taciana Kalili, 34 anos, viu o despretensioso negócio deslanchar. Radicada em São Paulo, a ex-produtora de moda começou como boa parte dos profissionais do ramo: informalmente. O sucesso de seus brigadeiros, porém, foi retumbante e ela decidiu investir em uma loja.
Taciana inaugurou a Brigaderia em 2010 em São Paulo. Em pouco mais de dois anos, ela multiplicou as lojas, quiosques e pop-up-stores (unidades temporárias de comércio). O faturamento saltou de R$ 5 milhões em 2010 para R$ 10 milhões no ano seguinte e a previsão é encerrar 2012 com R$ 13 milhões.
Além disso, a empresária vai inaugurar uma nova fábrica, que produzirá 50 mil docinhos diariamente para abastecer todas as unidades da marca, que deve virar franquia em 2014. “Será uma espécie de Fantástica Fábrica de Brigadeiros, onde as pessoas vão poder interagir e entender o doce”, revela a empreendedora.

Estratégia
Taciana investe em sua fábrica para reduzir custos, mas há empresários que apostam na maneira como o doce é apresentado ao consumidor para ganhar espaço.

O Ateliêr M. Azevedo, de São Paulo, até pouco tempo atrás vendia somente brigadeiro de colher em embalagens não convencionais, como potes e bisnagas. “Com o tempo, os clientes começaram a pedir para que eu também fizesse as famosas bolinhas”, diz Mari Azevedo, proprietária do estabelecimento.
A família portuguesa Rodrigues, que comanda a empresa Beijo Doce, no entanto, não pensa em vender brigadeiro no formato tradicional tão cedo.

Elias de Jesus e sua mãe, Ester, tiveram algumas tentativas de negócios fracassadas até que decidiram investir no docinho brasileiro.

Na primeira encomenda que foram entregar, os doces amassaram. O contratempo, entretanto, resultou em uma nova aposta: o brigadeiro quadrado. Deu tão certo que hoje a empresa distribui seus docinhos em mais de 700 pontos espalhados por São Paulo.

Fonte: Estadão PME